Cidade é a segunda no ranking estadual de cidades com maior número de casos e Mato Grosso do Sul é o terceiro do País
Os números de ocorrências de suicídio e de tentativas de suicídio, registrados e notificados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Três Lagoas, por meio do setor de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANTS), mas de notificação obrigatória, da Diretoria de Vigilância em Saúde e Saneamento, voltam a ser motivo de preocupação e alerta.
Esta preocupação da Rede Pública Municipal de Saúde, por meio das equipes de Saúde Mental, volta à tona, principalmente, neste mês de setembro, quando, em todo o Brasil, se mobilizam campanhas de prevenção ao suicídio, o denominado “Setembro Amarelo”, mês de valorização da vida.
Em Três Lagoas, atendendo às solicitações de escolas e empresas, a equipe do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS II da SMS vem se mobilizando com palestras e distribuição de material educativo de prevenção ao suicídio.
O “Setembro Amarelo” é uma campanha surgida no Brasil, desde 2015, por iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), com o apoio e participação ativa do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Segundo dados do Ministério da Saúde, o estado de Mato Grosso do Sul ocupa o terceiro lugar no ranking nacional de ocorrências de suicídio e Três Lagoas está entre as quatro cidades do Estado com maior número de casos consumados.
Em 2017, como vem ocorrendo nos últimos anos, Três Lagoas continuou sendo a segunda cidade de Mato Grosso do Sul com maior número de suicídios, registrando 157 casos.
Segundo especialistas do assunto, o número é elevado e preocupante, levando em consideração o número total de habitantes. A estimativa populacional de Três Lagoas em 2018, recentemente divulgada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, é de 119.467 habitantes.
No registro do número de suicídios, Três Lagoas ficou entre Dourados com 171 ocorrências e Corumbá com 130 casos. Em Campo Grande, com população estimada de 885.711 habitantes, o número de casos de suicídio foi de 1.270 em 2017.
Segundo informações da equipe do CAPS II, em Três Lagoas, de janeiro até agosto, foram registradas 91 ocorrências de tentativas de suicídio e sete casos foram consumados.
MOBILIZAÇÃO NACIONAL
Pelo número elevado de casos de suicídio, o Ministério da Saúde selecionou recentemente Três Lagoas, Paranaíba, Dourados e Campo Grande, como cidades de referência de Mato Grosso do Sul “para aplicação de recursos especiais, a serem destinados em capacitação de pessoal, material educativo e ações específicas de mobilização nacional contra o avanço de casos de suicídio”, como informou o psicólogo do CAPS II da SMS de Três Lagoas, Igor Queiroz Paes.
O número de tentativas de suicídio também preocupa, já que em Três Lagoas, em 2017, foram registradas e notificadas mais de 500 ocorrências, sendo 320 de mulheres e 180 de homens, maioria da faixa etária dos 20 aos 34 anos de idade.
Nos adolescentes, “o suicídio é menor, mas continua assustador o número de casos de automutilação”, comentou o psicólogo do CAPS que, só neste ano, já proferiu palestras sobre o assunto, para mais de mil pessoas.
“Infelizmente, pensando que uma dor pode curar outra dor, o adolescente e a adolescente partem para a automutilação, que pode também resultar em morte”, ressaltou Igor Paes.
RECOMENDAÇÕES
O suicídio é uma questão de saúde pública que precisa de atenção especial. Por isso, como destacou o psicólogo do CAPS II, é importante que as pessoas estejam atentas “a recomendações, aparentemente simples, mas que podem salvar vidas”, disse.
O psicólogo destacou principalmente o seguinte: valorizar a informação e procurar ajuda, ouvindo com atenção as pessoas para os encaminhamentos que se fazem necessários de atendimento nas Unidades de Saúde; Nunca desistir da vida quando aparecem dificuldades. Os momentos difíceis também fazem parte da trajetória da vida; Não olhar a vida de forma instantânea, o agora que precisa ser do jeito que a gente sonha ou quer nem sempre é possível, porque a vida é construção, é degraus, é uma coisa após a outra e não o imediatismo; apeguem-se a algum sentido da vida, algo que tem valor e vale a pena (religião, família, emprego, amizades).
PRINCIPAIS CAUSAS
O psicólogo do CAPS II destacou o “término de relacionamentos amorosos e quebra de vínculos familiares” entre as principais causas que levam as pessoas ao suicídio.
A essas e outras causas que poderiam ser relatadas, estão também outros motivos, como o desemprego, restrições de oportunidades de sucesso na vida profissional e também os transtornos mentais e de ansiedade, causados por álcool e drogas.
“Infelizmente, existe um baixo limiar de frustração nas pessoas. Isso quer dizer que tudo deve ser resolvido de imediato, na hora. A vida nos mostra que nem tudo é assim”, concluiu o psicólogo Igor Paes.