
‘Criar um banco genético (germoplasma) com a finalidade de preservar as espécies nativas do cerrado da região para que possam ser desfrutadas pelas futuras gerações. Este é o objetivo de um projeto que será desenvolvido através de parceria entre a prefeitura de Três Lagoas, por meio da Secretaria Municipal de Agronegócios e Pecuária (SEMAP), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Ilha Solteira (SP).
O assunto começou a ser discutido nesta segunda-feira (13), em reunião entre o vice-prefeito e titular da Semap, Luiz Akira, os professores Mário de Andrade Moraes (UNESP) e Maria Lígia Rodrigues Macedo (UFMS), além das professoras doutorandas Maria José Neto (UFMS) e Helena de Cassia Brassaloti Otsubo (UNESP).
Envolvendo professores e estudantes ligados às áreas de engenharia florestal, genética, botânica, microbiologia, solo, agronomia, bioquímica, biologia e ambientalistas, de acordo com o secretário, além de Três Lagoas, a estratégia vai beneficiar as comunidades de Selvíria (MS) e Ilha Solteira (SP), devido à proximidade dos Estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo. Isso é muito interessante em termo de estudo, pois essa integração vai melhorar ainda mais a boa estrutura que temos para produzir espécies que poderão ser utilizadas na formação do banco genético, disse o professor-doutor Mário Moraes. Segundo ele, o envolvimento de pessoas experientes neste trabalho é um dos pontos favoráveis para o sucesso do projeto.
O canteiro está nota 10, disse Maria José Neto, após conhecer o viveiro municipal de mudas mantido pela Semap onde esteve acompanhada de alunos e professores da Unesp, que também integram o projeto.
Considerando que o viveiro está muito bem cuidado, ela disse basta olhar para a sua produção de muda, que já diz tudo.
A participação da Semap, envolvendo o viveiro de mudas, será fundamental para a execução do projeto, onde serão plantadas e germinadas as sementes que, futuramente serão distribuídas nas áreas do cerrado degradas, seja pelo meio de queimadas ou mesmo pela utilização de várias espécies como lenha, por pessoas que ignoram o fato que várias delas está em extinção.
Para levantar as espécies nativas de Três Lagoas, algumas regiões do município foram visitadas pela equipe, dentre as quais, a Fazenda Yamaguti e uma área nas proximidades da Leiloado, de onde serão recolhidas sementes para o trabalho de pesquisa, bem como a área de conservação ambiental do exército considerado o pulmão da cidade, com autorização do capitão Hidenobu Yatabe, que colaborou com a equipe.
Segundo a professora Helena de Cassia Brassaloti Otsubo, com o avanço na agricultura no centro-oeste do país, em 2020 a região não terá mais cerrado. A exemplo do que aconteceu em outros estados como São Paulo, a maioria das espécies no cerrado de Mato Grosso do Sul estão em extinção.
Preservação
Para evitar a extinção, seria necessário câmaras de conservação de sementes (fria e seca), uma área de conservações para plantios de espécies nativas, podendo futuramente ser comparado com o Parque das Emas em Goiás sabendo que em nosso Estado (MS) não existe nenhum estudo voltado a preservação de espécies nativas do cerrado relacionado com o banco genético.
A conservação da biodiversidade genética, de espécies e de ecossistemas deve ser incorporada de forma explícita a todos os instrumentos de ordenamento territorial e de gestão ambiental, tais como corredores de biodiversidade, zoneamento econômico-ecológico, planos diretores de ordenamento territorial e gerenciamento de bacias hidrográficas. Nestes instrumentos de planejamento devem ser incorporadas estratégias que conciliem a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos com os seus usos múltiplos.
Espécies em extinção
Marolo
araticum-do-campo (Annona coriacea Mart.), marolo