A Prefeitura de Três Lagoas, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, numa ação conjunta de parceria do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) com o Setor de Endemias e de Entomologia , vem realizando o trabalho de orientação e prevenção sobre a proliferação de escorpiões, em alguns bairros da cidade.
Com a presença e orientações do coordenador do CCZ, médico veterinário Alexandre Gorga, foi realizado trabalho em várias casas da Rua José Amílcar Congro Bastos, nas imediações do Centro de Formação Profissional José Paulo Rímoli (Senai), no Bairro Vila Nova, na manhã desta quarta-feira (12).
Entre os profissionais que participaram desta ação estavam: a técnica do CCZ, Maria de Lima Soares; o técnico de Entomologia (ramo da zoologia que estuda os insetos), Veci Azambuja; e a bióloga Geórgia Medeiros.
Na visita às residências, as equipes realizaram buscas de escorpiões e orientaram os moradores sobre o perigo destes insetos peçonhentos, cuidados a tomar e hábitos de limpeza do interior das casas, áreas e quintais.
O técnico Veci explicou que os escorpiões têm hábitos noturnos, portanto, uma das medidas é evitar que eles adentrem nas residências pelos vãos das portas e janelas, ralos dos banheiros e pias.
“O principal é acabar com as condições que favorecem a proliferação destes insetos, principalmente, entulhos e restos de construção, madeiras e galhadas e terrenos sujos”, completou Geórgia.
Segundo a técnica Maria, do CCZ, “nesta época, na estação do ano, com tempo seco, sem chuvas, é propícia para a reprodução e proliferação dos escorpiões. Por isso, as famílias devem estar atentas”, alertou.
APOIO DAS FAMÍLIAS
A maioria das famílias apoia o trabalho das equipes da Saúde, nas visitas domiciliares, porque “são importantes para a gente saber como agir, no caso de encontrar algum escorpião”, relatou Charles Rodrigo, morador da Vila Nova.
Com a filha de 4 anos no colo, Charles fez questão de acompanhar o trabalho da equipe de Saúde na busca de eventuais escorpiões no seu quintal. “As pessoas falam que o pessoal da Saúde incomoda, mas eles são educados e muito bons nos conselhos e orientações que nos dão”, disse.
“Todos temos que colaborar e ser responsáveis. Tem gente que ainda pensa que, se os escorpiões não me atacam deixa que os outros se danem e não é desse jeito”, comentou o morador.
O mesmo parecer foi o do borracheiro aposentado, José Aparecido da Silva (64), morador naquela localidade desde 1962. “É um bom trabalho. O pessoal costuma passar por aqui e sempre nos visitam, não só para fiscalizar, mas também para ensinar o nosso povo a viver melhor”, disse ele.
“Se todos seguissem as orientações e regras que o pessoal da Saúde nos ensina e cada um cuidasse bem do seu quintal, não teríamos tantos casos de dengue, invasão de escorpiões e outras pestes”, disse o borracheiro aposentado.
As equipes da Saúde estarão realizando ações como esta em outros bairros, dando prioridade aos locais onde vem sendo registrada maior incidência de escorpiões.
EXTREMO CUIDADO
Famílias com crianças menores de cinco anos, idosos e pessoas debilitadas por alguma doença, especialmente com doenças do coração, devem redobrar os cuidados e a atenção para prevenir a picada do escorpião, alertam os profissionais da Saúde.
“No caso de aparecer escorpião na sua casa ou no seu quintal, o ideal é capturá-lo “com extremo cuidado”, para que seja devidamente identificado pelas equipes do CCZ e sejam tomadas as providências cabíveis”, orientou Alexandre Gorga.
“O melhor procedimento é sempre a prevenção e os cuidados básicos para evitar que eles ataquem, como limpeza, eliminação de entulhos e madeiras velhas e vedação dos ralos e vãos das janelas e portas”, ressaltou.
Os profissionais da Saúde alertam que, não existe inseticida apropriado e plenamente eficiente para o extermínio de escorpiões e a picada pode levar à morte se a vítima não for socorrida de imediato, principalmente, se for criança ou idosa e doente.
Segundo explicam os técnicos em Entomologia, os escorpiões venenosos produzem um tipo único de veneno, sendo necessário o uso de um tipo apenas de soro, o "soro antiescorpiônico" uma solução injetável para evitar e anular os efeitos do veneno e salvar a vida da pessoa.
ESCORPIÃO AMARELO
Segundo estudos específicos, existem mais de 1,6 mil espécies catalogadas de escorpiões pelo Mundo afora.
No Brasil são 140 espécies e apenas quatro delas são venenosas, entre elas o escorpião amarelo, com o nome científico de “Titys Serrulatus”, de porte médio, infelizmente muito comum na nossa região e considerado o terceiro mais venenoso da espécie dos escorpiões.
Esse escorpião não era comum nas cidades, como observaram os técnicos da Saúde. Eles invadiram a zona urbana de Três Lagoas e de outras cidades da Região, vindos em carregamentos de madeira, mudanças dos móveis de famílias migrantes, transporte de materiais de construção e outros meios.
“Por ser predador de outras espécies, o escorpião amarelo quase que exterminou por completo o escorpião que era comum na nossa região, de maior porte e não venenoso, o “Bothrius”, que se tornou bem raro”, informou Geórgia.
Uma outra característica do escorpião amarelo, que tem como alimento preferido as baratas e que o torna perigoso, é que ele pode se reproduzir sozinho, num processo biológico chamado de "partenogênese", que é a capacidade de se reproduzir sem a necessidade de haver um casal.
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