A Prefeitura do Município de Três Lagoas, por meio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da Secretaria Municipal de Saúde, iniciou as ações da pesquisa experimental do Ministério da Saúde para avaliar efetividade das coleiras impregnadas com deltametrina no combate à Leishmaniose canina.
Três Lagoas está entre os 15 municípios do Brasil e o único de Mato Grosso do Sul, selecionados pelo Ministério da Saúde para receber as ações da Pesquisa de Avaliação de Efetividade do Uso de Coleiras com Deltametrina, usada em cães, no combate à Leishmaniose.
A primeira etapa de ações do projeto experimental do Ministério da Saúde é a coleta de sangue para exames laboratoriais, que irão diagnosticar se o cão é ou não portador da Leishmaniose. Esses animais, com resultado negativo da doença, participarão do teste da efetividade da coleira.
Na mesma oportunidade, os cães cadastrados serão também imunizados com a vacina antirrábica, nos próprios domicílios.
A iniciativa é do Ministério da Saúde, que firmou convênio com um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em parceria com Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para se chegar à solução prática de combate e controle da Leishmaniose no Brasil.
“O objetivo principal é avaliar a efetividade, ou seja, se vale ou não a pena o uso de coleiras, impregnadas com deltametrina, no combate e controle da Leishmaniose nos cães”, explicou o diretor do CCZ de Três Lagoas, médico veterinário, Antônio Luiz Teixeira Empke.
Obtidos os resultados de exames laboratoriais, o projeto da pesquisa para Três Lagoas prevê a encoleirada de um determinado número de cães da Vila Piloto, Guanabara, São João, Vila Zucão e parte do São Carlos.
Esses testes de comprovação ou não da eficácia da coleira, serão realizados em três períodos, de seis em seis meses.
“Os exames serão repetidos a cada seis meses, para verificarmos a eficácia das coleiras quando compararmos os exames de sangue dos cães protegidos e dos não protegidos com a coleira contra a Leishmaniose”, informou o diretor do CCZ.
Caso as coleiras comprovem sua eficácia, o Ministério da Saúde pretende distribuí-las para todos os cães dos municípios onde a taxa de leishmaniose seja alta.
“Poucos municípios foram selecionados, porque o custo das coleiras é alto e, por isso, há o interesse em testar a eficácia delas, antes de comprar e distribuir gratuitamente para todos os cães do Brasil”, comentou Antônio Empke.
MUNICÍPIO ENDÊMICO
Avaliado pelo Ministério da Saúde como um município endêmico, pelo alto índice de casos registrados de Leishmaniose em cães, Três Lagoas tem sido apontado como referência em todo o Brasil, pelas ações que obtiveram resultados “surpreendentes e eficientes na redução dos casos de Leishmaniose Visceral em humanos”, explicou o diretor do CCZ.
Ele lembrou que, em 2002 Três Lagoas registrou 116 casos positivos humanos de Leishmaniose.
“Apesar de continuarmos com o registro de alto índice de contaminação de Leishmaniose canina, conseguimos reduzir consideravelmente o número de casos humanos da doença”, observou.
“Depois de 12 anos de intensas e continuadas ações de enfrentamento à Leishmaniose, em 2014 temos o registro de apenas dois casos de pessoas que contraíram a doença”, ressaltou o diretor do CCZ.
“Sem abandonarmos as demais ações que realizamos continuamente na prevenção e contenção do avanço da Leishmaniose, incluindo a eutanásia dos animais comprovadamente infectados, a pesquisa do Ministério da Saúde será de ótima utilidade para Três Lagoas”, comentou Antônio Empke.
Quanto ao procedimento da eutanásia, o médico veterinário, diretor do CCZ, informou que segue à risca a Portaria nº 1.426/2008, que proíbe o tratamento de cães com Leishmaniose.
“Acredito que, dentro de três anos, a população de Três Lagoas poderá colher frutos com o resultado final desta pesquisa do Ministério da Saúde e com os créditos da Fiocruz e da UERJ”, completou o diretor do CCZ.
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ILEGALIDADE
A Revista CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária), Ano XX, nº 61, janeiro a abril 2014, na página 26, como “Destaques CFMV”, publicou na página 26 nota com o título “CFMV esclarece sobre ilegalidade no tratamento da Leishmaniose”.
Segundo consta no referido texto, “o tratamento da Leishmaniose continua sendo ilegal e pode trazer riscos para os seres humanos”, enfatiza o CFMV.
Ainda, como consta no texto da Revista, o CFMV informa que, “continua em vigor a Portaria nº 1.426/2008, que proíbe o tratamento de animais infectados. A Organização Não Governamental (ONG) Amigo dos Bichos entrou com duas ações, uma cautelar e uma principal, no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, pedindo a autorização para o tratamento da Leishmaniose em cães e, portanto, questionando a Portaria. A União recorreu da decisão da ação cautelar, que foi posteriormente julgada pelo Superior Tribunal Federal (STF). No entanto, a ação principal, julgada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, manteve a Portaria. Nesse sentido, a decisão válida é a da ação principal, de modo que se exige a eutanásia dos cães que manifestarem a doença. A Advocacia-Geral da União (AGU) também publicou um parecer, informando que a decisão do STF não afastou a obrigatoriedade da Portaria, tampouco a revogou. Segundo ela, os Médicos Veterinários devem trabalhar de acordo com a Portaria nº 1.426/2008, que proíbe o tratamento de cães com Leishmaniose, sendo indicada a eutanásia em todos os casos. A nota na íntegra, que ainda trata dos riscos à população, orientação aos profissionais e medidas para evitar a doença, está no Portal do CFMV (www.cfmv.gov.br)”.
Assessoria de Comunicação