Na manhã desta sexta-feira (06) a exposição “Maria Fumaça” foi aberta oficialmente por autoridades municipais celebrando a restauração da máquina que ficou parada no pátio do Barracão de Carpintaria da NOB por 40 anos ocultando uma parte da história de Três Lagoas que agora poderá ser rememorada.
O grande feito, elogiado pelos munícipes e amantes da história, teve o empenho e dedicação do prefeito de Três Lagoas, Angelo Guerreiro, que não mediu esforços para que esta parte da história da Cidade não morresse em meio a ferrugem e ações depredadoras do tempo.
INAUGURAÇÃO
No evento de inauguração do espaço onde se encontra para visitação a Maria Fumaça, Heriksen Plesley, diretor de Cultura de Três Lagoas, agradeceu o resgate e preservação da memória do povo três-lagoense, por meio da restauração da Maria Fumaça. “Hoje inauguramos aqui não só a Maria, mas a Maria Fumaça dos ex-ferroviários que trabalharam e do povo três-lagoense que viveu essa história”, disse.
Rodrigo Fernandes, diretor de Turismo, agradeceu ao prefeito de Três Lagoas pela sensibilidade e carinho por Três Lagoas. “Desde o início da gestão o prefeito Angelo Guerreiro busca incessantemente valorizar o que nós tínhamos de melhor. Através da estrada de ferro onde muitas famílias chegaram a Três Lagoas e constituíram família, trabalhando incansavelmente para que a Cidade se desenvolvesse.”
Se dirigindo ao prefeito, a secretária de Educação, Angela Brito, disse que Angelo Guerreiro é um gestor diferente. “Além de ser gestor como poucos hoje, o Angelo tem uma questão que a maioria dos gestores e políticos não tem: a sensibilidade de perceber e valorizar a cultura de um povo”, enfetizou.
Angelo Guerreiro agradeceu a todos que confiaram em seu trabalho e, caracterizado como maquinista, disse que administrar uma Cidade não é diferente da gestão de um município. “Como gestor e maquinista desta máquina e grande locomotiva que se chama Três Lagoas, sentar a frente é ter a grande responsabilidade de nomear pessoas que também têm compromisso.”
Angelo complementou dizendo que, “o maquinista sozinho não faz nada, precisa da lenha, de pessoas trabalhando para que a locomotiva saia do lugar. Graças a nossa equipe, a uma Câmara de vereadores onde a maioria vem votando o orçamento do município e dando a liberdade, por confiar em nosso trabalho, então é possível fazer um trabalho digno”, enfatizou.
O presidente da Câmara de Vereadores, Cassiano Rojas Maia, finalizou relembrando uma fala do prefeito Angelo Guerreiro, onde sempre pontuou que seria o gestor em prol da Saúde dos três-lagoenses.
“O Guerreiro fez o seu trabalho sempre com um passo à frente, colocando uma UPA com condições de melhorar os níveis de prevenção da pandemia, leitos sempre a frente para a população que precisasse, sempre pensando nas UTIs e de repente lá estava ele fazendo uma reforma extraordinária em todas as escolas e, se não bastasse, foi recapear e fazer asfalto por toda a Cidade, se preocupando também com a macrodrenagem e com as enchentes da Cidade. Hoje podemos enxergar tudo isso e vê-lo coroar a memória do nosso município e da Cultura com a restauração da Maria Fumaça”, finalizou.
VISITAÇÃO
A Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC), por meio da Diretoria de Cultura, abriu o Antigo Barracão de Manutenção de Máquinas da Noroeste do Brasil para a exposição da Maria Fumaça que acontecerá entre hoje e amanhã (sábado), das 8h às 18h, na Avenida Rosário Congro.
Para seguir os protocolos de Biossegurança e os decretos municipais, evitando aglomeração em tempos de pandemia, será permitida a entrada de 10 pessoas por vez com máscara. Aferição de temperatura e álcool em gel estarão logo na entrada para garantir a segurança dos visitantes.
AÇÃO DE MARKETING
Nesta quinta-feira (05), os munícipes pararam para acompanhar uma ação de marketing promovida pela prefeitura intitulada “VOLTA MARIA”. Inspirada nas faixas que foram distribuídas por Três Lagoas, na última semana, de um “admirador” pedindo a volta para casa de sua amada “Chica”, a Diretoria de Comunicação Social da Secretaria Municipal de Governo e Políticas Públicas (SEGOV), distribuiu faixas pela Cidade pedindo a volta da “Maria”.
Quem acompanhou a live que foi ao ar nessa quinta-feira (05) com a participação do “seu Teodoro”, personagem criado pelo servidor da Diretoria de Comunicação Social, Fábio Vitorino Jorge, se divertiu ao descobrir no final que a “MARIA” que ele se referia era a própria Maria Fumaça.
HISTÓRIA
Com pretensões de se tornar a primeira ferrovia transoceânica do hemisfério sul, unindo a costa atlântica no porto de Santos ao porto pacífico de Arica no Chile, a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil foi um dos maiores empreendimento ferroviários mundiais abrangendo 1.622 quilômetros de extensão anexando o centro-oeste ao resto do país.
O assentamento dos primeiros quilômetros de trilhos aconteceu na Estrada de Ferro Mauá, inaugurada em 30 de abril de 1854, fazendo com que a ferrovia ocupasse lugar solene e crucial na integração territorial e no escoamento de produtos e mercadorias e, após este período, a expansão da malha ferroviária só aumentaria.
Três Lagoas é fruto deste processo. A força motriz das locomotivas à vapor fazem parte deste esforço de desenvolvimento com a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil sendo o maior o mais importante empreendimento ferroviário em sua época, consolidando o território “mato-grossense” na fundação de cidades em seu percurso.
As locomotivas à Diesel substituíram as de vapor em meados dos anos 50 encerrando suas atividades em território nacional. Quando não desmontadas para sucateamento, pátios abandonados serviram de estacionamento, entre eles os das estações da Noroeste do Brasil que antes adquirira centenas destas locomotivas.
Cargas e passageiros foram transportados a partir e rumo a Três Lagoas pela locomotiva Baldwin Locomotive Works modelo 405, adquirida nos anos 1930. Já sem condições operacionais foi relegada ao desuso e ao esquecimento no início dos anos 1970, sofrendo a ação do tempo e da depredação no pátio das oficinas de pontes e carpintaria.
A locomotiva se tornou referência histórica e identitária ao longo dos anos inclusive para a ferroviária três-lagoense. A restauração da antiga locomotiva iniciou em 2017 com a municipalização do espólio histórico ferroviário buscando a consolidação histórica e memorial que será exposta permanentemente ao público.
Com isto, Três Lagoas se torna uma das poucas cidades que ainda possuem uma máquina à vapor como patrimônio histórico monumental.