No período de 2017 e 2018, foram apurados 179 casos, em pesquisa da Vigilância em Saúde do Trabalhador
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio da equipe do Setor de Vigilância em Saúde do Trabalhador da Diretoria de Vigilância em Saúde e Saneamento, chama a atenção da população para o número de acidentes de trabalho por queimadura ocular, ocorridos em Três Lagoas, no período de 2017 e 2018.
Pelo levantamento feito pela professora de Educação Física, Darlene Heloísa Ferrari Ruiz, e pela psicóloga Luciana Assi de Lima, ambas da equipe do Setor de Vigilância em Saúde do Trabalhador, coordenada por Maria Aparecida de Oliveira, em 2017 e 2018, houve 179 ocorrências de casos de queimaduras oculares.
Desse total de acidentes de trabalho por queimaduras oculares, 120 foram por causa de radiação de soldagem e 50 dos casos foram por queimaduras oculares térmicas com corpo estranho no olho, mas todas as ocorrências estão relacionadas à atividade de soldagem.
Segundo o alerta da Saúde do Trabalhador, “a radiação da soldagem queima mais rapidamente e com maior intensidade do que o sol. Os respingos de solda e as projeções de fagulhas que são lançados por diferentes ângulos também são fontes perigosas de queimaduras”.
SINTOMAS DA QUEIMADURA OCULAR
Os profissionais da Saúde do Trabalhador orientam que os sintomas da queimadura ocular por radiação de soldagem são os seguintes: dor ocular moderada a severa; sensação de corpo estranho; olho vermelho e lacrimejamento; fotofobia e/ou visão borrada.
Esses sintomas costumam aparecer de 6h a 12 horas após a exposição, e geralmente atingem os dois olhos. Dar a devida importância ao acidente e buscar o atendimento médico é fundamental, pois a utilização de colírio para alívio dos sintomas é um procedimento que deve ser feito apenas por profissionais especializados, uma vez que o uso incorreto ou em excesso pode ocasionar problemas graves à visão.
Por sua vez, a queimadura ocular térmica com presença de corpo estranho (fagulha em olho) tem como sintomas: sensação de “cisco no olho”, lacrimejamento e olho vermelho.
Nesses casos, é importante a consulta com profissional médico para que seja removido o corpo estranho e a prescrição de medicação. Se não for removido a tempo, o mesmo provoca processo inflamatório local e pode levar a sérias infecções secundárias.
Todos esses acidentes poderiam ser evitados com o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), adequados para cada tipo de trabalho.
Segundo consta também no citado levantamento da equipe do Setor de Vigilância em Saúde do Trabalhador da SMS de Três Lagoas, “os acidentes citados ocorreram porque o trabalhador não estava usando os EPI’s, porque não eram adequados para a atividade que estava sendo desenvolvida ou porque o trabalhador utilizou os EPI’s de maneira incorreta”.
CENÁRIO DA SAÚDE DOS TRABALHADORES
Em vista desse levantamento das ocorrências de acidentes de trabalho, o cenário da Situação de Saúde dos Trabalhadores de Três Lagoas apresenta as queimaduras oculares, ocasionadas na atividade de soldagem, como o principal acidente de trabalho.
Infelizmente, como alerta a equipe do Setor de Vigilância em Saúde do Trabalhador, existem ainda casos de reincidência, onde um mesmo trabalhador sofreu o acidente mais de uma vez. Isso mostra que empregadores e os próprios trabalhadores consideram esse acidente comum e alguns até o tratam de forma banal.
É importante lembrar que nenhum acidente de trabalho pode ser considerado inerente à ocupação, uma vez que TODOS os acidentes de trabalho podem ser evitados.
PERFIL DOS TRABALHADORES ACIDENTADOS
Conforme consta no citado levantamento do Setor de Vigilância em Saúde do Trabalhador, no perfil dos trabalhadores que sofreram queimaduras oculares relacionadas à atividade de soldagem, a idade média desses profissionais é de 33 anos, 99% são homens e 1% são mulheres.
Entre as ocupações relacionadas, 48% dos acidentados são soldadores e serralheiros; 18% são de profissionais da construção civil, como pedreiros, pintores e eletricistas; auxiliares de serviços gerais representam 14% do total de acidentados; e 9% dizem respeito a mecânicos.
Um dado que traz mais preocupação é que 74% dos acidentados trabalham de maneira informal, são autônomos, trabalham sem carteira assinada, estão desempregados, fazem “bicos”.
Diante disso, do total de trabalhadores acidentados somente 3% emitiu a Comunicação de Acidente de Trabalho-CAT, isso faz com que esse tipo de acidente não ganhe visibilidade e esses trabalhadores continuem em situação de vulnerabilidade.
ORIENTAÇÕES AOS TRABALHADORES
- Para cortar, goivar e soldar, é OBRIGATÓRIO o uso de máscara com lente adequada ou dispositivo de opacidade adequado ao processo;
- NUNCA levantar a máscara de solda antes do fim do processo de soldagem;
- É fundamental usar óculos de segurança por baixo da máscara de solda;
- O empregador deve fornecer, treinar, exigir e fiscalizar o uso dos EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) e EPC’s (Equipamentos de Proteção Coletiva) adequados para realização do trabalho;
- O trabalhador autônomo é responsável pela aquisição dos equipamentos de proteção;
- Em caso de acidente procure atendimento médico;
- A automedicação pode trazer prejuízos à saúde dos olhos;
- Jamais utilize fórmulas caseiras;
- Siga as normas de segurança.
Fotos: Ilustração