Durante o evento foi apresentado o balanço das atividades do Movimento “Agente do Bem” e dados relacionados à realidade da infância e juventude em Três Lagoas e no País
Com auditório lotado, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente (CMDCA) abriu a 9ª Conferência da Infância e Adolescência, na noite de ontem, quinta-feira (30), em Três Lagoas. O evento foi realizado no CRASE “Coração de Mãe” e contou com a presença de profissionais e autoridades de órgãos ligados ao assunto, além de público em geral.
O tema desta edição “Proteção Integral, Diversidade e Enfrentamento às Violências” propõe discussões e debate sobre políticas públicas e ações eficazes na garantia dos direitos e proteção à criança e ao adolescente.
Além disso, o Conselho apresentou o balanço de três anos de atividades do Movimento “Agente do Bem”, projeto criado em parceria com a Empresa Fibria com foco no enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes. O Movimento é composto por representantes de órgãos ligados à proteção da infância e juventude como Conselho Tutelar, Ministério Público, Poder Judiciário, Polícias Militar e Civil, o próprio CMDCA e secretarias municipais.
Conforme a presidente do Conselho, Laura Daniela Figueiredo Garcia Nascibem, a expectativa é que desse encontro surjam propostas para serem colocadas em prática. “A participação de autoridades e representantes de vários órgãos ligados à juventude é fundamental para que possamos discutir os pontos críticos que ocorrem em Três Lagoas, propor soluções e alternativas para resolver e encaminhar as tratativas aos poderes competentes havendo legalidade para serem aplicados”, explicou Laura.
A palestra foi ministrada pelo psicólogo e consultor da Childhood Brasil, José Carlos Bimbatte Junior, que expôs um resumo da realidade da infância e juventude no Brasil ao longo dos anos até os dias atuais. O palestrante mostrou um gráfico que aponta alto crescimento em homicídios entre jovens de 14 a 19 anos, principalmente em metrópoles.
Para ele, a questão da diversidade ainda não recebeu a atenção que precisa. “Quando falamos em diversidade, raramente existem propostas ou programas para tratar o assunto. Tão comum quanto as meninas, os adolescentes gays estão aderindo à prostituição muito mais cedo e em quantidade assustadora. Mas não temos ainda políticas públicas eficazes para enfrentar este drama e sequer, diálogo com esses adolescentes. Percebemos que a sociedade demonstra resistência ao tocar neste tema”, disse.
VIOLÊNCIA EM TRÊS LAGOAS
Durante a Conferência, o CMDCA apresentou números de violência sexual contra crianças e adolescentes em Três Lagoas. Em 2016, o órgão registrou 62 casos. Em 2017, foram confirmadas 80 vítimas deste crime. Num recente levantamento, apenas nos primeiros seis meses de 2018, o número de casos chega a 52.
O levantamento aponta que os meses de maior incidência são janeiro e julho, coincidindo com as férias escolares. A maioria dos abusos, conforme o órgão, é cometida por familiares ou pessoas próximas com certo grau de confiança dos pais.
TRABALHOS EM GRUPO E DEBATES
Durante esta sexta-feira (31), houve um ciclo de palestras, trabalhos em grupo e exposição de ideias sobre os temas. As propostas dos participantes que forem aprovadas pela comissão em plenário, serão encaminhadas à conferência estadual e, consecutivamente, ao encontro nacional, onde serão elencadas e transformadas em políticas públicas, de acordo com suas legalidades.
A mesa de honra foi composta pelo representante do Ministério Público, Sydnei Ferreira Ribeiro Junior, a gerente de programas e relações empresariais da Childhood Brasil, Eva Cristina Dengler, a representante da Fibria, Flávia Tayana, Dayane Mateus, representando a secretária de assistência social, Vera Helena Arsioli Pinho, e a presidente do CMDCA, Laura Daniela.